domingo, 31 de março de 2013

Marco Feliciano - O "Judas" do momento



O Sábado de Aleluia é tradicionalmente o dia de malhar o Judas, personagem bíblico conhecido por trair Jesus. Parafraseando o personagem bíblico, o grande "Judas" da vez é o deputado e pastor Marco Feliciano (MF). Manifestações de protesto por todo o Brasil marcaram o dia de ontem. O pastor / deputado tem ganhado destaque na mídia por ter sido eleito Presidente da Comissão de Direitos Humanos na câmara federal. 


Polêmico por declarações um tanto preconceituosas, o deputado federal Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), chegou a declarar pelo Twitter que africanos "descendem de ancestrais amaldiçoados por Noé" e afirmou que gays têm "podridão de sentimentos" que, segundo ele, "levam ao ódio, ao crime e à rejeição" no dia 31-03-2011. Em outra declaração polêmica, "Sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, aids. Fome... Etc", escreveu o deputado no microblog. Noutro post, disse que "a maldição q Noe lança sobre seu neto, canaã, respinga sobre continente africano, dai a fome, pestes, doenças, guerras étnicas!". E na defesa dessas declarações ele usa um argumento teológico para tal.

Sobre homossexuais, Feliciano diz que respeita "porque meu patrão Deus respeita, mas aceitar é uma questão de foro íntimo, e eu não aceito". "Não quero que minha filha veja dois homens se beijando porque isso é imoral", declarou. "Não prego o ódio, mas não aceito."
Uma pergunta que se coloca: de fato um deputado que representa a bancada religiosa da câmara e os preceitos bíblicos religiosos podem entender e compreender as necessidades e os direitos da população, sem fazer distinções de etnia, orientação sexual, classe etc? 

O deputado se escuda sobre artigo 5º, VI, da constituição federal que, "estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias." No entanto cabe destacar que enquanto presidente da CDHM ele deve se atentar a outros preceitos essenciais como a liberdade individual também prevista na constituição. A pessoa que não tiver a proteção de seus direitos efetivamente assegurada está correndo o risco de perder sua vida, sua dignidade, sua integridade física e psíquica e todos os bens e direitos inerentes à sua condição humana. Isso pode ocorrer, com maior possibilidade, com a pessoa arbitrariamente presa ou detida, subtraída à proteção e á vigilância das autoridades públicas, da sociedade, de seus familiares e amigos. Essa pessoa poderá sofrer toda sorte de violência e degradação, tornando-se vítima indefesa nas mãos de indivíduos violentos e boçais, desprovidos de consciência ética.



Um deputado que se escuda em preceitos bíblicos para divulgar seus argumentos não estaria atento a necessidades humanas básicas inerentes ao desenvolvimento de qualquer ser já que seus preceitos se baseiam em uma ordem ideológica. Assim como o referido deputado pode se escudar na bíblia para justificar determinadas desigualdades injustas a respeito da condição dos africanos o mesmo pode acontecer com os pobres, homossexuais, negros etc pois se seguirmos a linha de raciocínio de MF poderemos taxar determinadas desigualdades como naturais a exemplo da condição dos negros ou pobres na sociedade. O são assim pois Deus o quis assim. A educação construída sobre um alicerce de oposições binárias de certo/errado, adequado/inadequado, além de ter legitimado, ao longo dos séculos, relações de opressão, de dominação e de exclusão social, também estabeleceu uma hierarquia entre os povos: o europeu colonizador e os outros, os colonizados. Nessa representação colonialista, o outro é sempre classificado no polo negativo da relação, sendo assim marginalizado. Superar essa dicotomia de pensamento instituída permite admitir a diversidade, a diferença, a multiplicidade e a complexidade.

Pessoas nessas condições se sentem como exilados sociais. Pessoas estarão em situação de risco se sofrerem "exílio arbitrário", pois estará igualmente fora da proteção das leis e das autoridades de seu país, sem qualquer garantia de que sua vida e sua dignidade humana sejam respeitadas. Acreditamos que as palavras proferidas pelo MF são impactantes pois revelam um idealismo forte na acepção de seus argumentos e isso pode fazer com que as minorias se sintam desprotegidas. 

Entendemos que a opinião do referido deputado deve ser respeitada afinal estamos em um país democrático que defende a liberdade de expressão. Porém quando há um ataque velado a posições que vão de encontro ao que se tem defendido nos cultos religiosos, ainda que a leitura do livro sagrado (Bíblia) seja subjetiva, deve se sair em defesa sim dos direitos humanos, direitos sociais e direitos de cidadania, pois estas conquistas foram significativas e não podem ser perdidas no tempo. E vocês leitores o que acham?







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